BELO HORIZONTE - O ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse ontem que o governador de Minas, Aécio Neves, tem de tomar uma decisão até setembro deste ano caso tenha mesmo interesse em deixar o PSDB e se filiar ao PMDB com o objetivo de se candidatar à Presidência em 2010. Costa afirmou também que Aécio "sempre foi bem recebido" pelos peemedebistas, que estão de "braços abertos" para acolhê-lo. E lembrou que o partido está bastante fortalecido após as eleições municipais de 2008 e a recente conquista das duas Casas do Congresso Nacional.
"O prazo não é nosso, o prazo é da Justiça Eleitoral. Eu acho que ele tem até setembro para tomar uma decisão", disse o ministro, que pela manhã participou com o governador mineiro da solenidade de lançamento do sistema digital da TV Band Minas.
Apesar de não assumir a possibilidade de deixar o PSDB, Aécio evita ser categórico. Durante o anúncio do novo presidente do PSDB-MG - o deputado federal Paulo Abi-Ackel -, o governador foi questionado sobre as declarações de Costa. Aécio agradeceu a gentileza do ministro, destacando que ele "tem feito gestos públicos e alguns reservados de estímulo à caminhada de Minas à Presidência".
Reservadamente, aliados de Aécio afirmam que ele pode realmente deixar o ninho tucano caso se sinta "atropelado" na disputa interna que trava com o colega paulista José Serra. Por isso, mantém o flerte com o PMDB. Ontem, o governador desembarcou em Brasília e cortejou a legenda visitando os presidentes da Câmara, Michel Temer (SP), e do Senado, José Sarney (AP) - este considerado um eventual aliado do seu projeto presidencial.
Para Costa, o relacionamento entre o mineiro e o PMDB poderá ser "aprimorado" caso o governador procure estreitar ainda mais o relacionamento com as lideranças nacionais do partido. "Agora, o governador é que tem que tomar uma decisão", insistiu.
Aécio defende que as prévias sejam regulamentadas até o final de março. A ideia é que as primárias sejam realizadas até setembro. Em caso de eventual derrota na consulta interna para Serra, ele teria a alternativa de trocar de partido dentro do prazo estabelecido pela legislação eleitoral - um ano antes da disputa pelo Palácio do Planalto.
Agenda
Embora tenha dito que é preciso que o governo federal seja cuidadoso na antecipação da campanha presidencial "em relação à utilização da máquina pública ou de instrumentos públicos", Aécio ressaltou que a agenda do PSDB não deve ser construída em função da pré-candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Quarta-feira, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso acusou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ferir a lei antecipando a campanha eleitoral em favor de sua ministra da Casa Civil. E sugeriu que o candidato tucano seja definido mais rapidamente, observando que o tempo do partido "está encurtando"
"Não acho que a agenda do PSDB deva ser construída em função da agenda daqueles com os quais nós disputaremos. O PSDB deve ter a sua estratégia. Acho absolutamente razoável que o final do ano seja o momento certo para a definição de candidatura, de projetos e de propostas", disse Aécio, para quem Dilma e o próprio governo federal tomarão o cuidado de não descumprir a lei eleitoral.
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