terça-feira, 28 de abril de 2009

Termina prazo para a defesa do deputado do castelo


Sérgio Lima/Folha


É tal a quantidade de escândalos que o noticiário, concentrado no último, tende a esquecer o penúltimo.



Pouca gente notou, mas termina nesta quarta (29) o prazo para a apresentação da defesa, por escrito, do deputado Edmar Moreira (sem partido-MG).



Edmar, convém recordar, é aquele deputado que foi apeado da função de Corregedor da Câmara depois que se descobriu que ocultara um castelo de R$ 25 milhões.



A defesa do suserano mineiro vai ao Conselho de Ética. A acusação não gira em torno do castelo. Edmar é acusado de se apropriar de nacos da verba indenizatória.



É aquele dinheiro –R$ 15 mil— que os deputados recebem mensalmente da Viúva para custear despesas como gasolina e aluguel de escritório no Estado.



Ao “justificar” os seus gastos Edmar espetou na contabilidade da Câmara notas de serviços de “segurança”.



As empresas contratadas pertencem ao próprio deputado. O que levou a Corregedoria da Câmara à suspeita de que os serviços não foram efetivamente prestados.



Uma vez entregue, a defesa de Edmar vai às mãos de uma trinca de colegas: Hugo Leal (PSC-RJ), Sérgio Moraes (PTB-RS) e Professor Ruy Pauletti (PSDB-RS).



Eles integram uma subcomissão composta no Conselho de Ética para analisar o caso. Um dos três será nomeado relator do processo.



Só então o abacaxi começa a ser efetivamente descascado. Se prevalecesse o bom senso, o desfecho seria a aprovação de um parecer fulminante.



Um texto que recomendasse ao plenário da Câmara que o mandato de Edmar fosse passado na lâmina. Porém...



Porém, o histórico da Casa não a recomenda. A eventual cassação do deputado do castelo desceria à crônica política como uma surpresa inaudita.



A quantidade absurda de escândalos, um gerando outro, um atropelando outro, os velhos se multiplicando em novos, aconselha o gesto maiúsculo.



Mas, no Legislativo, só um conselho é definitivo: se a opinião pública aponta determinado caminho, tome a direção oposta.

Escrito por Josias de Souza às 03h10

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